Pessoas escandalosas

Pessoas escandalosas

Pessoas escandalosas

Entrevista com Olga Tessari

Não há como não notar. A pessoa aparece e é como se todos os holofotes se voltassem sobre ela. Não, na verdade eles não a iluminam automaticamente. Elas se esforçam – e muito! – para chamar a atenção.

Pessoas escandalosas

Roupas espalhafatosas, acessórios extravagantes, voz ou risada vários decibéis acima do tolerável, histórias de veracidade duvidosa, cafonice aguda… Todas essas características – avulsas ou em conjunto – fazem o estilo das pessoas escandalosas, aquelas que não perdem uma única oportunidade de aparecer ou de serem notadas.

De vez em quando as atitudes tomadas por elas não nos agridem muito, mas há momentos, aliás vários momentos, em que é praticamente impossível não ficar irritado.

O que será que faz essas pessoas escandalosas serem como são? Será que elas têm consciência do que fazem? Ou o que é escândalo para uns pode ser normal para os outros?

Bem, depende do ponto de vista. De repente a pessoa pode ser simplesmente extrovertida, como uma prima da designer Monique Abreu.

“A gente sabe que ela está por perto, em lugares públicos, por causa da voz aguda, da risada alta e do perfume forte. Ela é um poço de simpatia, mas faz altos escândalos quando encontra alguém, é capaz de soltar um ´queriiiiiiidaaaaa!´, a umas duas quadras de distância”, diz Monique e continua:

“Ela faz essas coisas sem perceber, já faz parte da personalidade dela, mas tem horas em que irrita um pouco. Gente que ri ou fala alto o tempo todo, gesticula demais e tem ataques frequentes de empolgação às vezes dá nos nervos”, confessa Monique.

Ou então pode ser uma verdadeira caixa de surpresas, como um ex-colega de trabalho da publicitária Claudia Rocha.

“À primeira vista ele parecia ser um cara bem contido, mas com o tempo a face mais chamativa foi aparecendo. Discutia aos berros por qualquer bobagem, adorava fazer piadas sem graça com os outros em voz alta e tinha certa atração por qualquer oportunidade em que ele pudesse aparecer mais do que todo mundo”, disse Claudia.

“Na festa de final de ano da empresa, então, ele soltou a franga! Bebeu em excesso, cantou, dançou, mergulhou vestido na piscina. Ele se achava o rei”, relembra. “Ele não era só escandaloso, mas inconveniente também”, conclui Claudia.

Vizinhos barraqueiros

É, mas quem é que já não teve o prazer de conviver com vizinhos adoradores de um bom barraco?

Elisa Alves, advogada, que o diga.

“Estou começando a achar que espalhafato é genético. Moro ao lado de uma mãe e uma filha que quebram o pau quase toda noite. Berram, jogam coisas, se esgoelam, batem porta, se xingam, arrastam coisas. Parece até espetáculo com hora marcada”, disse Elisa e continua:

“E não adianta reclamar, dar batidinhas na porta, gritar para calarem a boca, nada. No começo eu ficava tremendamente assustada com o comportamento delas, agora já virou uma rotina. Quando elas se empolgam, não há quem segure”, ironiza Elisa.

Extravagantes

Tem ainda aquele pessoal que não precisa nem abrir a boca ou fazer barulho para mostrar que adora uma extravagância. Basta estar presente, usando roupas e acessórios no mínimo, digamos, fora de contexto.

Roupas coloridas demais, saias minúsculas, cabelos com tonalidades berrantes, brincos gigantes e brilhantes, enfim, toda uma parafernália esquisita. Isso, na visão de muita gente, também é ser escandaloso.

“É um atentado aos olhos de quem está por perto”, critica Elisa. A designer Monique concorda: “Eu diria que é uma espécie de escândalo silencioso”, brinca.

Baixando a bola

Para a psicóloga Olga Tessari, existem vários fatores que envolvem o comportamento de pessoas escandalosas, mas o principal mesmo é o desejo de chamar a atenção.

“Há pessoas que se sentem muito bem em se comportar dessa maneira, acabam desenvolvendo uma personalidade marcante. Claro que algumas não têm senso do ridículo, acreditam que agem de forma normal”, diz Olga Tessari.

Outros fatores são o desejo de ser diferente, para se destacar no meio de todo mundo e quebrar as regras da sociedade, é a pura e simples extroversão.

“Já no caso de roupas muito chamativas, por exemplo, a gente percebe que a pessoa faz parte de algum grupo, alguma tribo. Cada um tem a sua identidade e se expressa da maneira que considera mais adequada”, comenta a psicóloga.

Como lidar com pessoas escandalosas?

No entanto, o que fazer quando estamos sendo importunados ou nos sentindo invadidos pelo jeito escandaloso de ser de alguém? Uma dica para quem não aguenta mais ouvir a voz alta e estridente de uma matraca sem limites é responder à pessoa com um tom de voz mais baixo. Automaticamente, a pessoa se verá obrigada a continuar a conversa no mesmo volume.

Agora, se o caso for outro e não der mais pra aguentar…

“O ideal é chamar para uma conversa e ir com muita calma. A outra pessoa pode não levar a sério ou até mesmo se ofender, se a coisa não for dita corretamente. Chegar com jeitinho, dizer que o comportamento dela está chamando a atenção de muita gente, está incomodando e, de repente, dar alguma sugestão de mudança”, aconselha Olga Tessari.

OK, pode ser uma boa alternativa, só que a própria psicóloga reconhece que as pessoas escandalosas não desistem facilmente.

“Se é uma pessoa desagradável, todo mundo se afasta. O curioso é que, para receber de novo os holofotes, elas acabam exagerando mais ainda”, comenta Olga Tessari.

É, de uma forma ou de outra, pelo jeito, eles vão estar sempre dispostos a marcar sua estrondosa presença.

Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Ana Luiza Silveira

253

Siga Olga Tessari nas redes sociais: Youtube – Facebook – Instagram – Twitter – Linkedin

Siga Olga Tessari nas redes sociais: Facebook – Youtube – Instagram – Twitter – Linkedin

olga_tessari

OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais

www.ajudaemocional.com