Pense Magro
Quando você se imagina magra, fala como magra e age como magra, fica mais fácil perder e manter o peso. Então, treine sua mente para isso. A gente ensina a apagar os pensamentos gordos. As atitudes certas diante da comida vêm em seguida
Entrevista com Olga Tessari
Se você quer emagrecer, não tem como escapar: é consumir menos e gastar mais calorias. Colocar isso em prática sem transformar sua vida num pesadelo pode depender de um só aliado: a força da mente.
A ideia não é nova, mas as técnicas para mudar atitudes mentais negativas – aquelas que emperram até a mais esperta das dietas – nunca estiveram tão em moda.
Pense magro – QI Mental
O QI Mental, por exemplo, uma das propostas de emagrecimento mais comentadas no momento, usa imagens para reprogramar o cérebro e curar doenças de origem emocional. Essa técnica chinesa atua no subconsciente, onde se formam os padrões de comportamento, entre os quais aqueles que controlam o nosso jeito de comer.
O médico João Yokoda, do setor de medicina chinesa e acupuntura da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi quem adaptou o Qi Mental ao tratamento da obesidade.
“O exercício é superpor novas imagens mentais àquelas que atrapalham a sua dieta – você tem de se imaginar magra várias vezes ao dia para gravar esse novo padrão”, diz Yokada. As pesquisas mostram que atitudes mentais têm mais influência no volume de comida que ingerimos do que a própria fome e colaboram para que você pense magro.
A dificuldade de perder e manter o peso quando temos o registro de um corpo gordo na cabeça é infinitamente maior. Sidney Chioro, neurologista e professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), sempre apostou nessa ideia e apoiou seu trabalho com obesidade em recursos que atuam no sistema neurológico.
“São as emoções que traçam o caminho das mensagens no circuito dos neurônios. Um padrão neurológico inadequado pode transformar uma carência afetiva num comando de fome”, explica Sidney. É por isso que muita gente tenta resolver uma crise amorosa devorando uma caixa de bombons em vez de buscar solução para o relacionamento.
Na luta contra a balança, Chioro usa imagens e sons que visam corrigir a rota do pensamento e facilitar o emagrecimento.
No entanto, existem maneiras mais simples para convencer sua mente a trabalhar a seu favor.
Sucesso nos Estados Unidos, o livro Think Thin, Be Thin (Pense magro, seja magro, editora Broadway Books) traz 101 exercícios para quem quer educar a mente, somando pontos no projeto deusa.
As autoras, a psicóloga americana Doris Wild Helmering e a escritora Dianne Hales, combinaram conceitos de várias linhas terapêuticas – terapia cognitiva, programação neurolinguística, gestalt terapia e análise transacional -, ajudando você a se livrar do registro de gorda que habita sua cabeça e garantindo um happy end para sua dieta.
Isso não significa dormir gordinha e acordar enxuta. “Para que o cérebro registre novos padrões, os exercícios de reprogramação devem ser repetidos várias vezes ao dia, durante semanas ou meses”, defende a psicóloga Olga Tessari, da Clínica Movimento Corporal, em São Paulo, especializada em emagrecimento.
Curiosa? Selecionamos as sete sugestões mais bacanas do livro – pratique, pratique e pratique! Elas podem abrir sua cabeça para um corpo magro que sabe identificar a verdadeira fome.
Mudar a cabeça faz a dieta funcionar!
Tirar da cabeça a idéia fixa de que é impossível emagrecer, faz você modificar as atitudes diante da comida e perder peso sem sofrer
Seja positiva
Você tem coragem de chamar uma amiga que está gordinha de “rolha de poço”? Claro que não! Mas existe o risco de dizer coisas desse tipo (ou piores) para si mesma, programando seu cérebro para uma derrota na balança.
Se você conserva pensamentos como “sempre estive gorda” ou “nunca fui capaz de perder peso”, acaba bloqueando qualquer possibilidade de mudança, mantendo o corpo pesado. Então, comece a ser positiva a partir de agora.
• Risque os pensamentos gordos. Quando eles vierem à mente, diga firmemente: “Pare ou apague!”
• Você pode tudo. Pare de repetir que não tem pique para malhar ou não pode viver sem doce. Reforce o que você pode fazer, dizendo a si mesma: “Eu posso fazer dieta”, “Eu posso andar mais dez minutinhos na esteira”, “Eu posso viver sem musse de chocolate”.
• Trace metas realistas. Você vive dizendo que não consegue perder peso? Mude o discurso para: “Não perdi peso ainda, mas, quando decidir de verdade, vou conseguir”.
Imagine e ouça seus desejos
Além de frases sobre um corpo magro e saudável, é importante criar imagens na mente. Como?
Feche os olhos e se veja caminhando num parque ou numa praia paradisíaca. Se disser “eu vou andar ouvindo axé”, cria também um estímulo auditivo. As representações sensoriais visuais e auditivas ajudam o cérebro a traduzir os pensamentos em ações.
Exercite a gratidão
Você tem o hábito de agradecer as coisas boas da vida? Ótimo! Esse exercício, de acordo com pesquisas na área da psicologia positiva, mantém o bom humor e deixa você mais disposta. O que isso tem a ver com o controle de peso? Quando está bem, você reduz o risco de encher o prato para curar uma dor emocional.
Reserve um horário do dia para agradecer tudo aquilo que sua vida tem de bom – pode ser a família, a casa, o emprego, uma cama macia com lençóis cheirosos, um bilhete carinhoso do namorado ou do filho. O ideal é fazer isso logo antes da refeição – é um exercício que acalma a alma e deixa você com o estado de espírito perfeito para comer com tranquilidade.
Provoque sua mente
Sabe aquelas historinhas populares que as avós adoram contar? Elas podem valer por várias sessões de terapia direcionadas para a perda de peso, segundo terapeutas especializados em programação neurolinguística.
Exercite com o conto O Milagre da Mudança, de Dennis Wholey:
Um homem está nadando para atravessar um rio segurando uma grande pedra em uma das mãos. Quando chega ao meio da travessia, as pessoas que estão à margem do rio percebem que ele está em apuros, engasgando e engolindo água, se esforçando para continuar boiando. “Largue a pedra!”, diz um homem. “Assim poderá nadar melhor.”
Mas o homem na água segura a pedra com mais força. “Largue a pedra!”, grita o povo. “Largue a pedra!” Finalmente o homem se vira e, com seu restinho de fôlego, diz: “Não posso. É minha”.
Agora responda a estas perguntas:
• Você sente seu peso puxando-a para baixo?
• Se enxerga agarrando-se a um corpo pesado apesar de estar perto de se “afogar”?
• Como você justifica os quilos extras?
• Existe algo que alguém pudesse dizer ou fazer para convencê-la a liberar o excesso de gordura?
Transforme desejos em metas
Viver só no desejo de derreter as gordurinhas não resolve. Você precisa dar passos concretos em direção ao que quer.
As pesquisas mostram que a característica que diferencia as garotas de sucesso é o estabelecimento de metas claras e específicas. Portanto, ao adotar seu programa de perda de peso, trace objetivos viáveis.
E, conforme progredir, adicione ou modifique as metas de maneira que elas continuem sendo inspiradoras em vez de opressoras. Veja o que fazer.
• Visualize, fale e escreva. Imagine-se magra dentro do biquíni ou sorrindo ao subir na balança. Depois, registre essas cenas num diário. Pronto! O desejo foi transformado em compromisso. À medida que você for progredindo, revise, melhore e amplie suas metas.
• Vá devagar para ir longe. Mesmo se quiser perder 10 ou mais quilos, almeje reduzir um pouco por vez. E antecipe a sensação prazerosa de atingir sua meta a cada quilo perdido. Cada pequena vitória garante uma explosão de motivação e incrementa a autoconfiança.
• Amplie suas estratégias. Pensar dia e noite em emagrecer pode ser limitante e frustrante. Estabeleça objetivos com foco na mudança de comportamento e torne-os o mais específicos possível, por exemplo
Meta diária: vou caminhar 15 minutos no horário do almoço e tomar leite desnatado em vez de chocolate gelado com chantilly.
Meta semanal: ao menos três noites na semana, vou comer frutas no lugar da sobremesa ou dispensá-la.
Meta mensal: vou descer do elevador num andar inferior e subir de escadas até meu apartamento. Ao final do mês, estarei subindo ou descendo dois ou três lances antes de entrar no elevador.
Controle a gula
Comer é necessário, mas você pode escolher bem cada bocado. A mesma regra vale para a gula – ela parece incontrolável, mas não passa de uma decisão interna que pode ser modificada. Como? Prepare planos para enganá-la.
• Beba água aos goles. Muita gente confunde sede com gula. Então, da próxima vez que você sentir fome fora de hora, beba um copo de água em pequenos goles. Se for sede, a vontade de comer vai passar rapidinho.
• Conte até dez. Em vez de se entregar à gula logo de cara, resista a ela por dez minutos. Esconda as guloseimas e saia para andar ou ocupe as mãos com um trabalho manual.
• Resista à junk food. Se você come fast food de segunda a sexta, comece a fazer isso dia sim outro não, depois a cada três dias e, finalmente, uma vez por semana.
Ame seu corpo
Quando olham no espelho, as garotas geralmente não gostam do que veem. Mesmo aquelas que estão com o corpo legal tendem a achar que precisam perder uma gordurinha aqui outra ali. Mas não espere secar os excessos para cuidar da autoestima.
Comece valorizando as partes do seu corpo que você gosta. Tenha orgulho do seus olhos brilhantes, do colo bem desenhado, dos dedos longos. Outra maneira de se sentir feliz é cuidar de si mesma com o carinho que costuma tratar suas amigas.
Não se subestime nem faça piadas sobre as benditas dobrinhas que insistem em saltar da blusa.
Além disso, cultive o bom humor, adote atitudes saudáveis e trace perspectivas positivas.
Quanto mais você fizer isso, mais sua mente vai trabalhar a seu favor. Não esqueça!
Matéria publicada na Revista Boa Forma – Editora Abril por Eliane Contreras
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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais