Movimente-se

Movimente-se e acabe com a depressão

Movimente-se e acabe com a depressão

A atividade aeróbica constante colabora na prevenção de novos episódios de depressão

Entrevista com Dra Olga Tessari

AVISO: se você sofre com a depressão, procure um médico ou psicólogo urgente!

Movimente-se e acabe com a depressão!

Que os exercícios físicos são de grande importância no processo de emagrecimento já é mais do que sabido. O que, muitas vezes, não chega ao conhecimento das pessoas é que as atividades consistem em uma importante forma de combater uma série de problemas, muitos de origem psicológica. Entre eles, a depressão.

“O exercício físico atua como coadjuvante e, também, auxilia na prevenção de novos episódios de depressão”, explica a professora de Educação Física Eliane Jany Barbanti, coordenadora do Núcleo de Psicologia do Esporte e Atividade Física (NUPSEA), do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP).

Faz parte do Núcleo o “Programa de Atividades Físicas como Complemento ao Tratamento da Depressão”.

O esporte é uma das maneiras de tratar essa doença que costuma ser confundida com tristeza (passageira) e age afastando aqueles que sofrem dela do convívio social.

O que é a depressão?

“A depressão está presente quando a pessoa se sente retraída diante de situações e problemas da vida. Ela apresenta perdas importantes em sua vida, dificuldades no relacionamento, na vida profissional, não consegue atingir seus objetivos e tem uma falsa crença de que não será capaz de modificar a situação”, explica a psicóloga e psicoterapeuta Olga Tessari.

Sintomas da depressão

“Quem sofre desse mal sente falta de ânimo, não tem vontade de fazer nada, permanece quieto no canto, foge de momentos de alegria, não sai, não se diverte, enfim, para quem sofre com a depressão nada tem graça. Fica na dela, desanimada, sem querer muita conversa, se fecha dentro do seu mundo, isolada de tudo e de todos”, alerta a psicóloga.

A depressão afeta pessoas de qualquer idade, inclusive crianças, que são pressionadas pelos pais para serem “perfeitas”, mas acabam desenvolvendo a doença por não se acharem capazes.

Também existem estudos que mostram que as mulheres costumam sofrer mais com esse mal, o que não exclui os homens.

“Eles têm mais dificuldade para manifestá-la e de buscar ajuda. O homem, na sociedade machista em que nos encontramos, ainda não pode revelar suas ‘fraquezas’. Sofre calado”, observa Olga Tessari.

Exercício e socialização

O “Programa de Atividades Físicas como Complemento ao Tratamento de Depressão” teve início no segundo semestre de 2004, com pesquisas e análises de estudos sobre o assunto, e foi implantado no começo de 2005.

Nesse período, cerca de 250 pessoas já participaram das atividades. “Já tivemos pesquisas que dizem que exercícios físicos favorecem a recuperação de pacientes tanto na fase aguda quanto crônica da doença. Mas, trabalhamos com quadros clínicos de depressão fraca a moderada”, diz Eliane.

Durante o processo inicial, a equipe de Eliane chegou a uma série de conclusões para serem aplicadas na prática.

Uma das principais dá conta de que juntar as pessoas para praticarem exercícios físicos é bastante benéfico para a recuperação de quem sofre de depressão.

“Muitas vezes, quem tem depressão apresenta baixa autoestima. Com a interação, a pessoa percebe que algumas outras gostam de interagir com ela, de conversar, que ela é valorizada e isso é fundamental”, disse Olga Tessari.

“A pessoa depressiva prefere ficar fechada, isolar-se e, ao praticar essas atividades, pode conhecer quem já passou pelo mesmo problema. Conviver com pessoas pode animá-la para sair da depressão”, afirma Olga Tessari.

“Estar em grupo, fazendo exercício, ajuda bastante. As pessoas sentem mais apoio. Só o fato de estarem em grupo já é um auxílio. Não se percebe que é um grupo de depressivos”, diz a coordenadora.

Ela explica que o motivo é a liberação de endorfina e serotonina, substâncias que agem no humor, fazendo com que as mudanças de humor (um dos maiores indicativos da depressão) não ocorram.

“O exercício físico oxigena melhor o cérebro, colaborando para que se pense melhor. É muito comum que pessoas depressivas também sejam ansiosas e elas necessitam da atividade física pra diminuir a sua ansiedade, para que elas possam refletir melhor sobre como resolver os problemas que levam à depressão”, completa Olga Tessari.

O Programa também mostra que diferentes modalidades de exercícios têm ação sobre determinadas características.

“Os mais indicados são os aeróbicos, que liberam endorfinas. Então, no nosso trabalho, fazemos 20 minutos de bicicleta, 20 de caminhada, 20 de exercícios localizados e meia hora de alongamento.

“Esses exercícios, que totalizam 40 minutos de atividades aeróbicas, servem para ajudar na liberação de endorfinas pelos neurotransmissores; os localizados auxiliam na autoestima e autoconfiança e o alongamento é uma forma de relaxamento, que atua na parte da ansiedade”, orienta Eliane.

Matéria publicada no site Xenicare por Eliane Jany Barbanti

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