Meu vício é comer

Meu vício é comer

Meu vício é comer

Comer muito, mesmo sem ter fome, pode ser sinal de compulsão alimentar

Entrevista com Olga Tessari

Hamburguer, pizza, pipoca, batata frita, chocolate, sorvete, pudim de leite… Impossível resistir à tamanha tentação?

Perder o controle e se entregar à gula uma vez ou outra tudo bem. Mas quando isso passa a virar rotina, o melhor é ligar o sinal de alerta. Afinal, mesmo sem notar, você pode estar viciado em comida. E isso não é nada bom para a sua saúde!

Compulsão alimentar

Parece brincadeira, mas é sério. A compulsão alimentar é o ato de ingerir uma quantidade de alimentos muito maior que a maioria das pessoas consumiria, em um curto espaço de tempo. Geralmente, quem sofre desse transtorno está sozinho, sente-se deprimido e culpado depois do ato de comer, embora não consiga controlar o impulso de querer comer demais.

O compulsivo alimentar tem surtos frequentemente, ingerindo excessos de comida até o momento em que se sente plenamente satisfeito.

“Pessoas com esse transtorno apresentam frequentes crises e sentem que não podem parar de comer, comem depressa e às escondidas ou não param de comer o dia todo. Normalmente, eles têm um histórico completo de fracassos em diversas dietas e regimes para emagrecimento”, explica a nutricionista Thaís Navarro.

Segundo Thaís, o transtorno alimentar acomete três mulheres para dada dois homens, tem prevalência de 2% da população geral e 30% entre obesos que procuram tratamento para emagrecer.

“O maior problema da compulsão alimentar é que estes pacientes, na maioria das vezes, são obesos com altos riscos de saúde, como hipertensão arterial, colesterol alto e triglicérides”.

Essas pessoas consomem uma determinada quantidade de calorias em um dia, no dia seguinte comem normalmente, no outro voltam a ter episódios de compulsão alimentar e essa oscilação pode comprometer o metabolismo e favorecer o depósito de gordura em seu organismo, aumentando-o cada vez mais, justamente porque não param de comer.

Fatores

Segundo a psicóloga Olga Tessari, existem muitos fatores que podem levar uma pessoa a se tornar compulsiva em relação a comer, como alterações metabólicas que interferem no sistema de saciedade do organismo, influências culturais ou até determinados desequilíbrios psicológicos e emocionais.

Também há casos onde a compulsão surge por causa de dietas radicais que levam à carência de nutrientes básicos e até por hábitos que surgem em ambientes de comida farta, lugares onde a refeição é usada como motivo de reuniões e festas, onde os encontros sociais são sempre ligados ao excesso de alimentos disponíveis.

Meu vício é comer – há tratamento?

O tratamento de uma pessoa viciada em comida deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, que envolve médicos, psicólogos e nutricionistas.

“Um nutricionista ensina a pessoa a se alimentar de uma forma equilibrada; a psicóloga avalia as razões emocionais que levaram à compulsão ajudando a pessoa a lidar com cada uma delas e superá-las; o médico analisa se há necessidade de remédios em casos de obesidade e verifica a existência de distúrbios físicos”, explica Olga Tessari.

É muito importante que a pessoa procure ajuda profissional e assuma o transtorno, para que haja a conscientização da importância de comer sem exageros para ter uma vida saudável.

Como diagnosticar a compulsão alimentar?

Você pode estar vivendo uma crise de compulsão alimentar se:

  • Sofre com episódios repetidos de ataque de comer,
  • Come muito mais rápido do que o normal,
  • Come até se sentir desconfortavelmente ‘empanturrado(a)’,
  • Come grandes quantidades de comida, mesmo sem fome,
  • Come sozinho(a), com vergonha da quantidade,
  • Sente-se culpado(a) e/ou deprimido(a) depois do episódio.

Publicada na Revista Sua Escolha – n° 43 – ano VI por Ana Carolina Contri em Novembro 2008

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