Imaginação ou mentira?
Uma história bem contada: é mentira, fábula ou fruto de uma imaginação muito criativa? As crianças têm uma imaginação muito criativa, mas não podem usá-la para mentir!
Entrevista com © Dra Olga Tessari
Criatividade
A criatividade faz parte do processo natural de desenvolvimento da criança. Os pais devem observar caso o limite da fantasia ultrapasse o da realidade
Mentir é feio e aprendemos isso desde pequenos, quando somos repreendidos pelos nossos familiares ou educadores. Contudo, todo mundo já foi criança um dia e sabe que uma história bem contada pode não ser uma mentira, mas uma fábula, fruto de uma imaginação muito criativa.
Imaginação ou mentira?
A fabulação é muito importante para o desenvolvimento da inteligência das crianças nos seus primeiros anos de vida. Durante a fase pré-escolar, até os 4 ou 5 anos de idade, elas contam histórias fantásticas, porque não possuem ainda o entendimento conceitual sobre o que é correto moralmente e um discernimento preciso sobre a imaginação.
“As crianças são muito criativas e não mentem por espontânea vontade. Elas estão em uma fase de desenvolvimento da mente, confundem a realidade e a fantasia, e inventam histórias para se destacar e serem bem aceitas”, explica a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari. “A mentira, nessa fase, não deve ser encarada de um ponto de vista negativo, como os adultos a usam, geralmente, para enganar e trapacear”, completa.
Pais
Os pais devem estar preparados para a fantasia do imaginário infantil. O ideal é estimular esse desenvolvimento de forma saudável e criativa, e procurar educar os filhos sempre com a verdade nas palavras e nas ações, uma vez que as crianças se espelham, principalmente, na figura dos pais e seguem os exemplos deles. Afinal, são eles que ajudam a construir a identidade do filho.
“Quando meu caçula era bem pequeno, ele montava cabana na sala de casa, pegava todos os seus bichinhos e viajava para a lua. Essa criação lúdica faz parte da vida da criança. Acho super importante o estímulo dos pais ao contar e participar das histórias assim como para impor limites quando chegar a hora e for necessário. Temos que dar o bom exemplo e indicar o caminho correto, sempre”, afirma Andreia Nagae, mãe de dois meninos.
Mentira
Depois dos 5 anos, já na fase escolar, a mentira pode começar a surgir apoiada em sentimentos como medo, vergonha e auto proteção. “As crianças podem mentir por medo de alguma reação dos pais, por insegurança, baixa autoestima, para chamar a atenção quando não se sentem valorizadas, ou quando querem carinho”, afirma Olga Tessari.
É fácil perceber os sinais da mentira em uma criança. As primeiras reações são ficar agitado, olhar para os lados, baixar a cabeça e desconversar. Andreia lembra que quando seus dois filhos eram ainda muito pequenos, eles eram muito cúmplices, não se acusavam, e acabavam se entregando nos gestos.
“Eles não inventavam mentiras, mas também não contavam a verdade. Uma vez o forno de casa apareceu aceso e aqueles olhares cabisbaixos denunciaram que tinha sido um deles. Mas como ninguém assumiu, coloquei os dois de castigo, para que não se repetisse, e ensinei que aquele que conta a verdade não sofre punição. Hoje, eles já são adolescentes e graças a Deus nunca tive problemas com mentiras, nem em casa e nem na escola”, declara.
Segundo a psicóloga Olga Tessari, ninguém gosta de ser apontado como culpado de algo ou que apontem os seus erros. O castigo não é uma forma só de repreensão, também pode ser usado como um artifício de educação. Ele pode ser um acordo entre pai e filho sobre o que está errado e deve ser explicado. Assim, geralmente, a situação se resolve com o diálogo.
Hábitos
Os hábitos em relação à mentira mudam normalmente como tempo. Por isso, a observação constante dos atos da criança é muito importante. Se persistir na adolescência, os pais devem procurar por um atendimento psicológico, para identificar e sanar possíveis questões emocionais, problemas familiares e de relacionamento social.
A mentira só se torna um problema a partir do momento em que a criança passa a viver em função dela, e o limite da fantasia ultrapassa o da realidade.
Matéria publicada no site Arca Universal por Michele Roza em 15/10/2010
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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais
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