Bulimia e Anorexia
Anorexia e bulimia devem ser encaradas como problemas reais de saúde pública
Consultoria realizada com Dra Olga Tessari
Por Fahim Sawan – Médico e Deputado Estadual
Quanto mais o ser humano sofistica sua maneira de viver e amplia suas necessidades, torna-se vítima potencial da complexidade estressante de um enorme aparato supostamente indispensável à sua vida.
Como simples exemplo para reflexão: hoje a anorexia atinge 20% dos adolescentes em sua maioria de classe média e alta, com a proporção de 10 mulheres para um homem.
Bulimia e Anorexia
Quais índices de anorexia e bulimia teríamos no Renascentismo, cujo ideal de estética feminino inclinava-se por uma mulher mais robusta e cheia?
É inegável a influência da mídia na causa de transtornos alimentares. Isto porque a mídia comumente impõe o estereótipo em que a magreza é um fator importantíssimo, se não indispensável, para o sucesso social e econômico de uma pessoa, desde redes de televisão até filmes e revistas.
Tal influência é bastante negativa em crianças e adolescentes, cujas personalidades ainda estão em formação.
Padrão estético vigente
O corpo magro é encarado como símbolo de beleza, poder, autocontrole e modernidade. Desta forma, a propaganda dos regimes convence o público de que o corpo pode ser moldado.
Assim, a busca pelo corpo perfeito tem se manifestado em três áreas: nutrição/dieta, atividade física e cirurgia plástica.
Distúrbio da interação familiar, eventos estressantes relacionados à sexualidade e formação da identidade pessoal são apontados como fatores desencadeantes ou mantenedores da bulimia.
Segundo estatísticas, das pessoas que sofrem de anorexia e bulimia, apenas um terço consegue se recuperar e cerca de 20% morrem em função do estado agudo de desnutrição. A magreza excessiva provoca complicações renais, hormonais e gástricas e até parada cardíaca.
Incidência
A anorexia e a bulimia ocorrem quase que exclusivamente em mulheres jovens. Menos de 10% dos pacientes são homens. Algumas garotas chegam a manifestar ausência de menstruação por mais de três meses. Muitas meninas que sofrem dessas doenças demoram a descobrir e, quando descobrem, negam estar doentes.
Sabemos que a diferença básica entre anoréxicos e bulímicos é o estado de caquexia (extrema desnutrição) a que podem chegar pacientes com anorexia. O que identificamos em ambas é o comportamento obsessivo-compulsivo manifestado nas diferentes formas das duas doenças.
A psicóloga Olga Tessari, ao tratar do assunto, considera que as meninas não estão se aceitando como realmente são. Estimuladas pelas modelos das revistas e televisão, elas vão em busca de um padrão físico diferente do que possuem geneticamente.
Na medida em que os padrões estéticos sobrepõem a qualquer outro valor de estima do ser humano, a sociedade caminha para penalizar e excluir aqueles que não se enquadram neste rigor físico.
Acredito que este mal começa a não ser apenas uma preocupação dos integrantes das classes alta e média, visto que a imposição dos modelos perfeitos permeia todas as classes e suscita o desejo de todos pertencer ao rol das perfeições estéticas e anatômicas.
Assim como as drogas e o tabaco, estes distúrbios alimentares devem ser considerados como um vício, que causa dependência psicológica e, como tal, deve merecer a devida atenção e tratamento.
Este é um problema mundial, com grandes tendências de crescimento visto que a globalização, com seus benefícios, é claro, mas com a cruel exclusão social, também provoca a exclusão estética. O mundo globalizado impinge o comportamento único para o ideal de vida na Terra.
Recente pesquisa divulgada na imprensa nacional aferiu que a maioria das mulheres prefere perder seu emprego a ganhar alguns quilos a mais.
Políticas Públicas
Precisamos propor políticas públicas em todas as instâncias de poder no sentido de debater saídas para atenuar o avanço destas doenças.
Sabendo do mal que essas patologias representam para a nossa sociedade devemos buscar soluções, tanto na área da prevenção quanto na área de tratamento. Percebemos que a luta é desigual. Mas creio que é necessário agir.
Promover campanhas institucionais no sentido de alertar e esclarecer sobre as doenças. Realçar valores sociais e humanos que elevem a autoestima do cidadão a partir de sua essência e constituição física, entre tantas ações.
Em março deste ano, dia 29, por nossa solicitação, a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais promoveu audiência pública para discutir a respeito da gravidade que representa os distúrbios alimentares ocasionados pela anorexia e bulimia.
À época apresentei requerimento ao Ministério da Saúde, aprovado consensualmente pelos parlamentares e referendado pelas autoridades presentes, no sentido de que a União, Estados e municípios devem tratar estas patologias como uma questão de saúde pública, devido à crescente manifestação das mesmas em proporções significativas, atingindo pessoas de diferentes classes sociais.
Matéria publicada no Jornal da Manhã – MG em 19/11/2006
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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais