Amizade feminina
“A amizade feminina é diferente da masculina: as mulheres são próximas, existe uma troca muito grande de afeto, de experiências. O que é muito saudável. As mulheres acabam sendo mais bem-resolvidas!”, disse Olga Tessari.
Relato de Marcela Brum
Fui tomar um chopinho com as amigas sábado passado.
Papo vai, papo vem. Um chope, dois chopes, seis chopes, vem a vontade de ir ao banheiro. Me levanto e a Deca aproveita e vai comigo – estava louca para me mostrar o silicone. Ela era uma tábua, colocou 185 ml. Aí foi aquilo: ela mostra, eu analiso, aperto, confiro o material e falo que realmente tá lindo! Vocês não devem estar entendendo nada, não é?
Mas vão entender agora. Voltamos para a mesa e, como boas freqüentadoras de botequim que somos, começamos a filosofar. Filosofar sobre a complexidade da intimidade feminina. Sobre essa intimidade, diria quase gay, que existe entre as mulheres.
Já repararam: toda mulher olha a outra da cabeça ao pés. Não escapa nada. Peito, celulite, bunda, barriga, roupa, sapato, brinco, cabelo. Em um minuto somos capazes de observar detalhes que nem o mais tarado dos homens da face da Terra repararia. Quando amigas, nos agarramos, nos beijamos e nos tocamos. E pior: ninguém estranha a amizade feminina.
Amizade feminina – É ou não é?
O silicone da Deca foi o estopim para a nossa discussão acerca do tema. Voltei do banheiro, achando curiosa essa característica feminina, e levantei a bola para a Carol Bandeira (amiga minha há séeeculos) cortar.
“Aliás, somos incentivadas desde pequenininhas a termos esse tipo de relação com outra menina. Beijar a amiguinha e andar de mãos dadas é normal, anormal é a menina que não faz e isso é o que colabora para a amizade feminina”, atentou Carol.
“Verdade. Eu mesma cansei de tomar banho com amigas. Minha mãe nunca achou estranho. Já meu irmão, realmente, nunca teve essas intimidades com os colegas”, comentou a Joana Padilha, designer.
Todas concordaram e relembraram passagens parecidas da infância e de um tempo nem tão atrás assim – ou melhor, de 30 minutos atrás.
“Ué, somos incentivadas e nos permitimos ter esse contato. Eu não fui ao banheiro com a Therê pra mostrar o peito? Pensando bem, isso é meio esdrúxulo. Nenhum homem ia mostrar suas partes a outro. A menos que seja gay”, avaliou a Deca Moraes, a mais recente turbinada da praça.
“Somos assim por não termos vergonha. Os homens estão sempre preocupados com o que vão achar. Se vão ao banheiro juntos, vão ser chamados de bichas. É sociológico”, decreta a Karina Melo Luiza Amarante, uma bem-sucedida advogada.
Ela apresentou a sua teoria: “A mulher é mãe. Faz parte da natureza dela o contato físico. Eu amo minhas amigas. Beijo, abraço, faço escândalo quando encontro, aperto. Não é uma questão sexual”.
Eu também disse que não tinha nenhuma conotação sexual. Longe de mim, quando apertei o peito da Deca, pensar em algo mais. Se tem uma coisa que eu gosto é de homem! Todas sabem.
A noite continuou regada a chope e a polêmica, pois o Luis Matias (um jornalista gatérrimo!!!) e um amigo, o Carlinhos Maia, vieram sentar com a gente.
“Todo mundo já está acostumado com as esquisitices femininas. Quer mais esquisito do que ir em caravana ao banheiro?”, provocou Luis.
“Isso se chama cumplicidade. Vamos ao toalete comentar sobre algum lance da mesa, retocar a maquiagem ou mesmo fazer xixi”, disse a Stella Maria, irmã da Luiza.
Como trabalho num site feminino, não deixei de trazer o assunto para a redação e fui querer saber o que a Bárbara Link, minha mais nova amiga de infância, pensava a respeito.
“Somos diferentes em tantas coisas: mais carinhosas, mais compreensivas, mais preocupadas… Natural que a amizade feminina seja vivida de forma diferente entre as mulheres. Damos constantes provas de amor às amigas”, acredita Blink.
Cumplicidade, amizade, intimidade. Os termos não faltam para definir essa delicada relação entre as mulheres. Para fechar essa matéria, seria válido conversar com alguém que entende de comportamento – seja ele qual for.
Liguei para a psicóloga Olga Tessari, nossa querida colaboradora de longa data, que afirmou que a mulher, de fato, tem a permissão social de ser como é.
“Os homens sofrem preconceito em relação aos sentimentos. Não podem chorar, se abraçar, se beijar. Desde pequenos, são educados para manter a distância de outro homem. Já reparou que dão até um passo para trás na hora do aperto de mão? Com as meninas é diferente. Elas são próximas, existe uma troca muito grande de afeto, de experiências. O que é muito saudável. As mulheres acabam sendo mais bem-resolvidas”, analisa Olga Tessari.
Matéria publicada no site Bolsa de Mulher por Marcela Brum
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OLGA TESSARI – Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora em Gestão Emocional e Comportamental, também atua levando saúde emocional para as empresas. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! Saiba mais